Em português, o coletivo de borboletas é uma panapaná ou uma panapanã. Podem ser usados ainda coletivos não específicos, como “nuvem de borboletas” ou “bando de borboletas” – que podem ser preferíveis em contextos gerais, já que, a rigor, uma panapanã ou panapaná não é qualquer coletivo de borboletas, mas, especificamente, de borboletas que estejam em migração.
Panapaná e panapanã, substantivos femininos, são não apenas formas em português para o coletivo de borboletas, mas são também, ambas, sinônimos de borboleta. Assim, uma panapanã (ou uma panapaná) pode ser uma borboleta, ou um bando de borboletas.
(Existe também o substantivo masculino “panapaná”, que é um tipo de feijão, sem relação com borboletas.)
Panapanã vem de panãma, “borboleta” em tupi. Dessa forma resultou a palavra “panamá” (que Houaiss também registra como sinônimo tanto de borboleta quanto de panapanã). Da perda da última sílaba e da duplicação do termo (“panã-panã“), resultou a forma “panapanã”, que gerou também a variante panapaná (a pronúncia original tupi era mesmo com a vogal final nasalizada: o som do ã nasal, que tanta dificuldade causa aos estrangeiros que tentam aprender o português, já era marca das línguas tupi e guarani, que usam e abusam, por exemplo, da palavra “porã”, que significa “bonito”).
Hoje se vê mais a variante “panapaná”, embora tanto panapaná e panapanã sejam sinônimas e aceitas – ambas constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.
Embora Aurélio considere panapaná (assim como seu sinônimo panapanã) como o coletivo de borboletas, Caldas Aulete a registrava com significado muito mais restrito: panapaná seria um “bando de borboletas, que migram em certas épocas, formando verdadeiras nuvens”.
Houaiss também restringe o significado do termo, descrevendo panapaná como: “1. borboleta; 2. bando de borboletas em migração; 3. aglomeração de borboletas de várias espécies, geralmente reunidas para sugar sais minerais em terra úmida à beira de rios“. E o saudoso Paschoal Cegalla, em sua clássica “Novíssima Gramática da Língua Portuguesa”, listava “panapaná” em sua tabela de coletivos – porém não simplesmente como coletivo de borboletas, mas sim como coletivo “de borboletas em bando migratório“.
Com base nessa divergência entre autores, pode-se preferir, para o coletivo de borboletas, o uso de um coletivo não específico, como “uma nuvem de borboletas” (ou ainda a menos poética “bando de borboletas”, como usam os próprios Aulete, Houaiss e Cegalla).
(Uma possível pergunta relacionada: estaria correto, de todos modos, dizer “uma panapanã de borboletas”? Ou seria redundante? A resposta é que não há regra explícita para esse caso. Efetivamente, há coletivos específicos, que, por só poderem se referir a um único substantivo, dispensam o complemento: diz-se “um arquipélago”, e não um “arquipélago de ilhas”, como não se fala em “uma biblioteca particular de livros” ou “uma boiada de bois”. Mas mesmo nos melhores autores encontram-se exemplos como “buquê de flores”, “molho de chaves” ou mesmo “enxame de abelhas”. Como se pode ver, a admissão (ou não) do complemento varia de caso a caso, a depender não apenas de quão específico é o coletivo e de quão usual ele é, mas mesmo de pura e simples convenção e tradição da língua.)
(Outra pergunta recebida: estaria errado dizer “um enxame de borboletas”? Não. É verdade que, a rigor, enxame é o coletivo de abelhas, apenas. Em sentido figurado, porém, pode-se falar em um “enxame”, metafórico, de qualquer coisa: um enxame de flechas; um enxame de meteoros; um enxame de cometas; um enxame de vespas; e até de borboletas – embora, nesses casos, o uso metafórico de “enxame” pressuponha uma conotação diferente (e menos positiva) que aquela que decorreria caso se optasse pelo uso de “uma nuvem de borboletas” – ou, ainda, de uma poética panapanã.)
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lindp
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obrigado por me ensinar a maneira correta valeeeeeeeeeeeeeel
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De nada. Mas lembre que “valeu” se escreve com “u”, não com “l”.
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muito obrigada
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Muito interessante e enteligente
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