Na publicação anterior sobre deicidas, fordicidas, gaticidas e afins, um leitor comentou ter sentido falta, na lista, de “parricida” – aquele que comete um parricídio: o ato de matar o próprio pai, ou a própria mãe, ou um avô ou avó, ou bisavô ou bisavó, ou qualquer outro ascendente.
Parricídio não é, assim, o mesmo que patricídio – ao contrário, portanto, do que afirma, erradamente, o Dicionário Houaiss. Patricida é aquele que mata o próprio pai, e ponto final – é, portanto, forma análoga de “matricida” (aquele que mata a própria mãe).
Dar um significado errado, como faz o Houaiss, é pior do que o que fazem o Dicionário Aurélio, o Aulete, o Michaelis, o da Porto Editora e o da Texto Editores, que sequer trazem as palavras patricídio e patricida.
Na “prova” de hoje, o dicionário que se sai melhor é, sem dúvida, o Priberam (que além de tudo é grátis), que define, muito bem, patricida como quem mata o próprio pai, matricida como quem mata a própria mãe, e parricida como “Pessoa que mata seu pai ou sua mãe ou outro qualquer dos seus ascendentes.” ou ainda, por extensão, “Pessoa que atenta contra o rei ou contra a pátria“.
Na publicação anterior ficou também a faltar presidenticídio.
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Sim, João! Faltarão outros, também – mas, como dissemos naquela postagem, limitávamo-nos aos termos contidos no Aurélio, que não traz esse neologismo – embora traga magnicídio, que se aplica ao mesmo caso (e a outros). Mas, especificamente quanto a “presidenticídio”, não parece o caso de dicionarizá-la: o Priberam passou a registrá-la após sugestão de um blogue há poucos anos, mas nenhum outro dicionário o faz, simplesmente porque a palavra não parece ter (nem nunca ter tido) uso na língua: o próprio Google só traz 24 ocorrências diferentes de “presidenticídio” – algumas das quais com clara motivação humorística. Parece preferível ficarmos com a mais elegante, mais tradicional e muito mais usada magnicídio, como já fazia Chávez. Obrigado, João.
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