
Cingapura ou Singapura? Na nova ortografia, é Singapura. O novo Acordo Ortográfico (obrigatório a partir de 1º de janeiro de 2016) manda expressamente grafar “Singapura” “com “S” – “e não com C“.
É o que lembra a própria embaixada de Singapura no Brasil (ler aqui).
O Acordo Ortográfico de 1990 (que, apesar do nome, se tornou obrigatório em Portugal apenas em 2015, e no Brasil apenas em janeiro de 2016) traz em seu texto uma seção inteira dedicada às letras que, na língua portuguesa, representam sons idênticos, a “Base III“.
O texto do Acordo – negociado entre brasileiros, portugueses e outras sete delegações lusófonas – achou por bem especificar a grafia correta de palavras que geravam dúvidas ou que historicamente tinham alternado entre diferentes escritas.
A Base III do Acordo começa, por exemplo, listando casos em que se deve fazer “distinção gráfica entre ch e x“: deve-se escrever flecha e bucho, com ch; mas xerife e xícara (o primeiro Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, de 1943, e sua edição seguinte, de 1981, aceitavam, ambos, as grafias xícara e chícara como válidas e sinônimas; na edição de 2004, a opção chícara finalmente desapareceu, conforme o disposto no Acordo Ortográfico).
Posteriormente, dedica-se o Acordo às palavras com o som que pode ser grafado s, ss, ç. Assim – esclarece o texto do Acordo -, deverão ser escritas exclusivamente com s: “ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa“. Mais explícito, impossível.
A inclusão do nome do país no texto do Acordo pôs fim a uma alternância histórica. No próprio país, em malaio, língua oficial do país, escreve-se “Singapura“. Em inglês, escreve-se Singapore. Também se escreve com S o nome do país em todas as demais línguas que usam nosso alfabeto – espanhol, francês, italiano, alemão, todas – e, desde 1945, em todos os outros oito países que têm o português como língua oficial. A exceção foi o Brasil, que não ratificou o Acordo Ortográfico de 1945.
Historicamente, a língua portuguesa havia alternado entre as duas grafias, registrando-se também Cingapura em Portugal e Singapura no Brasil: em 1967, por exemplo, o governo brasileiro criou a embaixada do Brasil em Singapura – com “S” mesmo. Meio século antes, em 1911, o governo brasileiro criara um consulado em Singapura – também com “S“.
A indefinição entre as grafias com s ou com c foi resolvida em Portugal e nos demais países lusófonos pelo Acordo Ortográfico de 1945. O Brasil, porém, foi o único país que não adotou a ortografia de 1945 (razão pela qual, até 2009, o Brasil tinha uma ortografia diferente da dos oito outros países lusófonos).
O novo Acordo, por fim, resolveu essa situação peculiar em que o Brasil era o único país do mundo a grafar o nome de Singapura com “C“.
O Dicionário Aurélio, em sua edição pós-Acordo Ortográfico, já eliminou as formas “cingapurense” e “cingapurano“, passando a registrar apenas singapurense e singapurano.
O dicionário Michaelis e o do Professor Pasquale (foto abaixo) também já apagaram qualquer vestígio de cingapurense ou Cingapura, registrando agora apenas formas com “S”.

Finalmente, os dicionários Larousse também já se adaptaram desde antes da entrada em vigor do Acordo: desde a edição de 2009, cingapurense já vinha com o “alerta”: A partir de 2013, escreve-se singapurense.

E também o Dicionário Houaiss, em sua versão eletrônica, atualizada:

Curtir isso:
Curtir Carregando...